Pesquisa entrevistou 31% das 518 mulheres que tiveram parto em Bonito durante o período de um ano, entre 2022 e 2023.
A Defensoria Pública de Bonito divulgou resultado de uma pesquisa, realizada com as gestantes que deram a luz no Hospital Darci João Bigaton entre o ano de 2022 e 2023. O objetivo era avaliar a qualidade do serviços de assistência social e saúde pública durante o período de gestação e parto, levando em consideração o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em 2021 entre a Defensoria, Ministério Público, Prefeitura de Bonito e Hospital Darci João Bigaton, que instituiu um protocolo de atendimento a ser seguido por todos os profissionais, durante os trabalhos de obstetrícia na unidade, com objetivo de melhorar o atendimento, garantindo um parto mais humanizado a todas as gestantes, bem como evitar casos de violência obstétrica.
Das 518 mulheres que deram a luz em Bonito entre 2022 e 2023, 162 concordaram em responder a pesquisa, que apontou avanços importantes na qualidade dos serviços de saúde pública, entretanto demonstrou que ainda está longe do ideal. Além de dados demográficos importantes sobre perfil da maternidade no município, como por exemplo, faixa etária, número filhos e estado civil das mães, o levantamento trouxe dados valiosos para implementar melhorias na qualidade dos serviços de assistência social e saúde pública. “Com informações mais precisas de onde precisamos melhorar, podemos agir com mais eficácia, focando nas necessidades urgentes das gestantes e também trançando um planejamento para as atividades futuras”, comentou a secretaria de Saúde, Ana Carolina Colla.
O prefeito Josmail Rodrigues também comentou sobre os resultados obtidos na pesquisa. “Esse levantamento, mais do que uma pesquisa sobre a qualidade do serviço prestado, nos ajuda a entender como nós, enquanto Poder Público, aliados ao Hospital Darci João Bigaton, estamos conseguindo desenvolver as medidas estabelecidas na TAC. É um processo novo, uma mudança de comportamento que envolve toda a unidade, desde a recepcionista até o obstetra, que propõe alterações na forma de atendimento e tratamento dessas pacientes e que é novo até mesmo para elas. Então é compreensível que muitas coisas ainda não estejam fluindo como deveriam e saber onde estamos errando, quais pontos precisamos focar mais, vai nos ajudar muito, afinal, o objetivo de todos que assinaram o Termo é buscar, diariamente, a melhoria do serviço público e garantir que nossas mulheres tenham o melhor atendimento possível no momento mais especial de suas vidas”, afirma.
Conforme a pesquisa, ainda é preciso avançar na humanização dos partos, diminuir cirurgias de cesariana, assim como aumentar a quantidade de partos naturais. Das 162 mulheres que responderam o levantamento, 149 tiveram seus bebês por meio de cesáreas e apenas 13 por via normal. A defensora pública idealizadora do estudo, Thaís Roque Sagin Lazzaroto pontua que a quantidade indica uma discrepância entre os números global, nacional e local no que se refere ao índice de nascimento de partos normais e cesarianas.
“Muito embora 85,80% das mulheres tenham respondido que receberam orientações de como se preparar para o parto, esse dado não condiz com o índice de partos normais que ocorreram no período da pesquisa, que corresponde a menos de 10%”, destacou Thaís, enfatizando que menos de 2% das mulheres que participaram do levantamento declararam ter feito pré-natal na rede privada.
“De acordo com a OMS, a taxa de cesarianas em nível mundial corresponde a 21% dos nascimentos, 43% na América Latina e no Caribe, e 56% no Brasil. Durante o período da nossa pesquisa, Bonito registrou 91,98%, um índice alto de cirurgias cesarianas que vai contra as indicações de práticas ao parto humanizado recomendadas pela OMS. A organização recomenda, cada vez mais, a diminuição das intervenções médicas desnecessárias”, afirma.
A pesquisa também mostra uma divergência entre o desejo de parto das mulheres no início da gravidez e o procedimento realizado no momento do parto. Ao serem indagadas, 54,94% das mulheres desejavam realizar cesariana e 45,06% queriam parto normal. Porém, a realidade é que, no momento do parto, 91,98% das mulheres acabaram realizando cesariana e apenas 8,02% normal.
A última questão do questionário abordou as parturientes sobre alguma sugestão de como o hospital poderia melhorar o atendimento à gestante. Nesse quesito, os agradecimentos se destacam à instituição e aos profissionais, principalmente no momento do parto e no pós-parto. Muitas mulheres relataram se sentir gratas pelo atendimento e deixaram registrado o esforço dos profissionais, mesmo quando acontecia algum imprevisto.
Veja a pesquisa completa: